ABSTRACT: análise sobre a situação ambiental no Estado de
Santa Catarina; problemas e ameaças ecológicas atuais e futuras no Estado de
SC; conceitos científicos ecológicos; valores filosóficos do ecologismo;
importância da temática ecológica no cenário mundial; ecologia política e
engajamento individual e coletivo no movimento ecológico.
Gert
Schinke* - Florianópolis, março de 2011
Neste
artigo pretendo discorrer sobre o panorama ambiental catarinense, apontando os
principais problemas ambientais que enfrentamos no momento, assim como trazer à
luz a discussão em torno de conceitos ecológicos e valores filosóficos e
políticos que alimentam esse movimento social cada vez mais importante no
cenário mundial.
O QUE SE OBSERVA EM SANTA
CATARINA
Vivemos
em um Estado muito diverso sob todos os aspectos: morfologia, geologia,
hidrologia, cobertura vegetal, fauna e flora, além da diversidade étnica,
resultado da ocupação humana que se deu ao longo dos últimos séculos. Isso nos
indica uma riqueza impar, um Estado no qual podemos encontrar paisagens das
mais diversas, fator de atração turística inquestionável que coloca essa região
do país de forma privilegiada no cenário nacional e internacional. Esse fator,
porém, também traz pesados ônus ecológicos, como veremos mais adiante ao longo
do texto.
Para
uma análise mais acurada, ainda que ligeira, sobre os maiores problemas
ecológicas estaduais, perpassarei as macro-regiões do Estado, sob essa
perspectiva, procurando apenas destacar as ameaças e situações mais
importantes, sem, no entanto, deixar de observar que ocorrem um sem número de
outras situações que não reporto aqui, dadas as limitações diante da tarefa.
NA REGIÃO NORDESTE
Região
do Estado, cujos maiores expoentes urbanos são as cidades de Joinville e São
Francisco do Sul, as maiores ameaças ecológicas resultam de uma combinação de
fatores, dentre os quais encontramos os seguintes:
- Terminais portuários:
áreas com enorme índice de poluição e imenso tráfego de cargas;
- Pólo industrial: geração de vários tipos de poluição e
contaminação de aqüíferos;
- Expansão urbana caótica:
infra-estrutura nas cidades e na orla marítima resultado de um processo
assimétrico e irregular de ocupação do solo;
- Degradação de áreas
naturais: desmatamento em áreas da Mata Atlântica; ocupação de mangues;
pressões intensas sobre fauna e flora endêmicas
NA REGIÃO DO VALE DO ITAJAÍ
Tendo
como expoentes as cidades de Blumenau e Brusque, repete-se o padrão verificado
na região nordeste, porém incluindo outros fatores importantes:
- Pólo industrial e rizicultura: atividades geradoras de intensa poluição de vários tipos e contaminação de aqüíferos;
- Pólo industrial e rizicultura: atividades geradoras de intensa poluição de vários tipos e contaminação de aqüíferos;
- Turismo intensivo: atividade
econômica de alto impacto ambiental, geradora de poluição e estimuladora de
intensa especulação imobiliária;
- Expansão urbana caótica:
impacto na infra-estrutura nas cidades que se expandem para áreas não
apropriadas para ocupação urbana, fator gerador de riscos e tragédias sociais
como as que assistimos nos anos recentes;
- Degradação de áreas
naturais: resultante da combinação dos fatores acima, gerando desmatamento
e também intensas pressões sobre fauna e flora endêmicas dessa região.
NA REGIÃO DO LITORAL
Despontam
as cidades de Itajaí, conurbação metropolitana de Florianópolis e a cidade de
Criciúma mais ao sul, todas situadas na estreita faixa litorânea de baixa
altitude que se estende até a Serra do Mar, refúgio da Mata Atlântica.
- Terminais portuários: pólos
geradores de intensa poluição de diversos tipos e intenso tráfego na orla
marítima;
- Pólo industrial
cerâmico, energia carbonífera e rizicultura: poluição atmosférica e
contaminação de aqüíferos;
- Turismo intensivo: poluição
de diferentes tipos e incremento da especulação imobiliária, notadamente na
região metropolitana de Florianópolis;
- Expansão urbana caótica:
infra-estrutura nas cidades aquém das necessidades da população, com imenso
déficit no saneamento básico, transportes urbanos e planejamento urbano,
agravado pelo descumprimento do Estatuto da Cidade, gerando impactos ao longo
de toda a orla marítima;
- Degradação de áreas
naturais: desmatamento e ocupação de manguezais, pântanos, restingas e
dunas, além de gerar intensas pressões sobre fauna e flora endêmicas.
NA REGIÃO DO PLANALTO
SERRANO
Tendo
como expoente a cidade de Lages, essa região apresenta os seguintes problemas:
- Monoculturas de pinus e eucaliptos, e pecuária extensiva: degradação das terras de plantio e ameaças a fauna e flora endêmica;
- Monoculturas de pinus e eucaliptos, e pecuária extensiva: degradação das terras de plantio e ameaças a fauna e flora endêmica;
- Pólo industrial de
celulose e papel: poluição e contaminação de aqüíferos;
- Barragens de usinas
hidrelétricas: expulsão de agricultores e inundações em
enormes áreas antes ocupadas, gerando grande tensão e problemas sociais em toda
região limítrofe ao Rio Grande do Sul;
- Degradação de áreas
naturais: desmatamento para dar lugar às plantações de monoculturas
arbóreas e pressões sobre fauna e flora endêmicas.
NA REGIÃO DO MEIO OESTE
Tendo
a cidade de Concórdia como símbolo maior, esta região concentra o maior pólo
industrial de elaboração de carnes do Estado.
- Pólo industrial de
produção de carnes: poluição atmosférica e contaminação de aqüíferos;
tráfego rodoviário intenso;
- Expansão urbana caótica:
graves problemas na infra-estrutura das cidades que sofrem com a migração
interna em busca de empregos;
- Degradação de áreas
naturais: desmatamento; pressões sobre fauna e flora endêmicas.
REGIÃO DO PLANALTO NORTE
A
cidade de Mafra simboliza a região, sendo que esta apresenta as seguintes
características:
- Monoculturas de pinus e
eucaliptos: degradação das terras;
- Pólo industrial de
móveis: poluição e contaminação de aqüíferos;
- Degradação de áreas
naturais: desmatamento e pressões sobre fauna e flora endêmica, sendo a
região do Estado que apresenta o maior índice de desmatamento nos últimos anos,
fonte de enorme preocupação e geradora de intensos conflitos sociais.
REGIÃO DO OESTE
Tem
na cidade de Chapecó seu maior expoente urbano e apresenta as seguintes
características:
- Pólo industrial de
produção de carnes: poluição e contaminação de aqüíferos; geração de tráfego
rodoviário intenso;
- Monoculturas de soja e
milho: contaminação da terra e aqüíferos;
- Expansão urbana caótica: impactos sobre a infra-estrutura nas cidades, notadamente na região metropolitana de Chapecó;
- Expansão urbana caótica: impactos sobre a infra-estrutura nas cidades, notadamente na região metropolitana de Chapecó;
- Degradação de áreas
naturais: desmatamento e pressões sobre fauna e flora endêmica, sendo que
esta região é a que dispõe de menor índice de cobertura vegetal florestal no
Estado, em função da forma de ocupação e modelo do produção agrícola baseado na
monocultura e produção de carnes.
MAIORES
AMEAÇAS NA ATUALIDADE E NO FUTURO PRÓXIMO EM SC
A economia em nosso Estado é
pautada pelo binômio CARNES-TURISMO. Carnes produzidas no Oeste e Meio Oeste do
Estado, basicamente voltadas para exportação, item no qual o estado está
atualmente no topo do ranking nacional.
Esse complexo
agro-industrial exportador demanda um fortíssimo impacto sobre os pólos
escoadores da produção situados nos portos oceânicos, regiões que concentram um
sem número de serviços ligados à importação-exportação. Configurou-se ao longo
das últimas décadas um enorme corredor de exportação do agronegócio que inicia
no extremo Oeste e chega ao litoral na forma de vários sub-corredores
rodoviários, hoje totalmente insuficientes para um adequado atendimento da
demanda dos imensos volumes em questão.
De outra parte, o lindíssimo
litoral catarinense, recortado caprichosamente em centenas de baías dispersas
de norte a sul, pauta o TURISMO, atividade que se expande no mundo todo e que,
em nosso caso específico, atrai não somente o consumidor turista, mas
principalmente enormes empreendimentos de diversos tipos voltados a atender a
demanda atual e futura nesse setor – complexos hoteleiros; condomínios e
prédios residenciais; resorts; complexos de entretenimento; shoppings; além da
especulação imobiliária local que é retroalimentada na região onde se instalam
esses empreendimentos.
Não por acaso, o maior
índice de multas ambientais e processos de licenciamentos questionados pelos
poderes fiscalizadores das três esferas de governo são da área da construção
civil, infinitamente maior em número que os do setor industrial e do
agronegócio.
Na região Nordeste, há a
ameaça presente por parte de um novo terminal portuário, o Porto Mar Azul, em
São Francisco do Sul. Já em Joinville, coerente com a característica da cidade,
instala-se uma nova fábrica da General Motors, voltada para a produção interna
e exportação. Embora licenciada, gerará tremendo impacto sócio-ambiental sobre
toda a região, por via da atração dos empregos que gerará, mas, sobretudo, por
seus efeitos poluidores sobre o solo e atmosfera em toda a região metropolitana
de Joinville.
No Litoral-centro do Estado,
a região de Florianópolis assistiu a recente refrega em torno da instalação do
Estaleiro da OSX, no município de Biguaçu. Indústria metal-mecânica pesada, que
importaria a maior parte dos seus insumos para a produção de embarcações e
adequação de equipamentos navais voltados à exploração do pré-sal, ela traria
inúmeros impactos ecológicos, tanto na área territorial quanto marítima do seu
entorno, caso viesse a ser instalada. Felizmente o movimento ecológico local
comemorou a decisão do grupo empresarial em não instalar o estaleiro em
Biguaçu, mas no litoral do Rio de Janeiro – Porto de Açu, localidade onde o
empreendimento produzirá mais “sinergias econômicas e logísticas” (leia-se
retorno financeiro), conforme divulgado pelo grupo empresarial EBX. Essa
decisão, porém, não extirpou totalmente a ameaça ambiental, pois a área que
acolheria o estaleiro deverá ser utilizada para um grande empreendimento
imobiliário, embora gerando, sem dúvida, menor impacto ecológico que o
anterior.
Ainda na região de
Florianópolis está em discussão a construção de um novo terminal aeroviário
internacional – o novo Aeroporto Internacional Hercílio Luz, que destinará o
atual terminal para uso exclusivo de cargas aéreas. Esse empreendimento, a ser
construído dentro da Ilha de Santa Catarina, ao lado do atual terminal, é,
certamente, a maior ameaça ecológica que paira sobre Florianópolis, na medida
em que agravará o problema viário na capital e atrairá no seu entorno mais
serviços ligados ao transporte de cargas e passageiros. Nesse sentido, embora
longe de ser unânime, há uma proposta concreta, de índole popular, de se
construir o “novo aeroporto internacional” na área do continente, em algum
lugar ao norte da cidade de Biguaçu, com fácil acesso à BR-101, e afastado o
suficiente das concentrações urbanas na capital.
Ao longo de todo o litoral
catarinense há, portanto, uma ameaça comum, conforme analisamos acima – os
mega-empreendimentos imobiliários, sejam voltados ao turismo e negócios, sejam
voltados à moradia. As conseqüências desse processo se fazem sentir nos
inúmeros problemas de trânsito nas cidades litorâneas, na falta de saneamento
básico e água potável, e de todos os demais equipamentos públicos necessários a
garantir uma boa qualidade de vida para as populações.
Na região Litoral-sul há a
discussão em torno da instalação da “fosfateira” da VALE, no município de
Anitápolis, conhecido como “fosfateira de Anitápolis”, empreendimento de
altíssimo impacto ambiental que desfigurará toda uma bela região atualmente
ocupada com pequenas propriedades de agricultura de subsistência e turismo
ecológico. A região também agrupa um sem número de fontes de água, recurso que
está cada vez mais escasso e que nos últimos anos recebe mais atenção por parte
da população e das autoridades ligadas à gestão dos recursos hídricos,
saneamento básico e drenagem urbana. A ligação desses fatores remete para o
planejamento urbano integrado municipal e regional, assim como alerta para que
as tragédias sócio-ambientais não venham a se repetir em nosso Estado.
Não por acaso, a VALE
insiste na concretização do seu projeto, porquanto ele atenderá a uma demanda
garantida por parte do agronegócio, dependente do exterior na produção de
fosfato – o item é necessário na composição do NPK, adubo básico utilizado na
monocultura em grande escala que alimenta as criações para abate e posterior
exportação do complexo industrial de processamento de carnes no Estado.
Já nas regiões Centro Oeste
e Oeste do Estado, as ameaças atuais e futuras se dão principalmente pela
expansão do complexo do agronegócio, pressionando politicamente pela revisão do
Código Florestal, atualmente em acirrada discussão no Congresso Nacional. O
desfecho desse “cabo de força político”, polarizado entre “ruralistas” de uma
lado, e dos “ambientalistas”, de outro, determinará o quanto nosso Estado será
futuramente agredido por via do incremento do desmatamento das áreas ainda
remanescentes, ou de outra sorte, se a situação poderá ser paulatinamente
estabilizada com vistas a uma melhoria das condições ecológicas regionais.
A ECOLOGIA NA HISTÓRIA
RECENTE – UMA SÍNTESE
O surgimento
da área de conhecimento “ECOLOGIA” – e do movimento ecológico que a realimenta,
é a grande novidade sócio-político-cultural no cenário mundial a partir do
pós-guerra – 2ª metade do século XX para cá.
No
limiar do século XXI, com a economia capitalista plenamente globalizada,
combinado com a escassez iminente de recursos naturais e a ocorrência de
catástrofes climáticas cada vez mais freqüentes, a ecologia se destacará ainda
mais na agenda política global. Dada sua importância no cenário atual, a
ecologia galgou a agenda política, assumindo a forma e a estatura da moderna
ECOLOGIA POLÍTICA.
Atualmente
o movimento ecológico passa por uma “crise de identidade” e de rumos diante dos
desafios globais, mas se liga cada vez mais com maior ênfase ao debate
econômico, social e político. Assim como nos demais “movimentos sociais”,
também o ecológico é dividido em distintas correntes de pensamento que se
alinham, em certa medida, com as ideologias políticas mais consolidadas:
liberalismo, marxismo clássico e o contemporâneo.
Entre
os conceitos mais importantes da ecologia “ciência” estão a ENTROPIA, a CADEIA
TRÓFICA; a BIOCENOSE - EQUILÍBRIO ECOLÓGICO; o PONTO DE NÃO RETORNO; os CICLOS
BIO-GEO-QUÍMICOS; o ECOSSISTEMA; a RESILIÊNCIA; a DEPLEÇÃO; o AMBIENTE
ECOLOGICAMENTE ESTÉRIL; o IMPACTO AMBIENTAL; a CAPACIDADE DE SUPORTE, dentre
outros.
COMPARANDO SISTEMAS
ORGANIZACIONAIS E FILOSÓFICOS
O
estudo da ecologia ressaltou um novo olhar filosófico, ao constatar a forma
como a natureza se organiza e funciona, e a forma pela qual se pauta o
comportamento humano na dimensão social. Abaixo, um comparativo entre as
características do pensamento ecológico e o convencional:
NA SOCIEDADE ATUAL --------- NA NATUREZA
PENSAMENTO TECNOCRÁTICO X PENSAMENTO HOLÍSTICO
VERTICALIDADE X TRANSVERSALIDADE
SIMPLIFICAÇÃO X COMPLEXIDADE UNIFORMIDADE-PADRONIZAÇÃO X DIVERSIDADE-SINGULARIDADE
DESEQUILÍBRIOS - CRISES X HOMEOSTASE - EQUILÍBRIO
PENSAMENTO TECNOCRÁTICO X PENSAMENTO HOLÍSTICO
VERTICALIDADE X TRANSVERSALIDADE
SIMPLIFICAÇÃO X COMPLEXIDADE UNIFORMIDADE-PADRONIZAÇÃO X DIVERSIDADE-SINGULARIDADE
DESEQUILÍBRIOS - CRISES X HOMEOSTASE - EQUILÍBRIO
COMPLEXIDADE COMO MODO DE ORGANIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO
Os
sistemas organizacionais simples se caracterizam pelo modo binário de
funcionamento, enquanto que, em outro extremo, os sistemas organizacionais
complexos se caracterizam pelo modo de funcionamento em redes e nuvens. Essa
relação é importante no estudo da ecologia, pois ela cruza diferentes ambientes,
assim como as espécies que neles habitam, e estabelece relações extremamente
complexas, muitas das quais nos fogem do controle e perfeita compreensão.
Sistema simples (binário) X
Sistema complexo (nuvens)
O CONCEITO FILOSÓFICO DE
COMPLEMENTARIDADE
Um
dos conceitos filosóficos mais importantes para uma boa compreensão do modo de
funcionamento da natureza é o da COMPLEMENTARIDADE, que pode ser
simbolicamente traduzido pela relação abaixo representada por:
OU (exclusão) X E (inclusão)
Ou também como:
OU E
modo BINÁRIO modo MÚLTIPLO
raciocínio reducionista raciocínio complexo
Ex: 010011110000110 Ex: aBxy6#k4rn0mz
modo BINÁRIO modo MÚLTIPLO
raciocínio reducionista raciocínio complexo
Ex: 010011110000110 Ex: aBxy6#k4rn0mz
Esses conceitos,
aparentemente simples, são fundamentais para compreendermos a máxima segundo a
qual “na natureza nada se perde, tudo se transforma”. Não há, portanto,
exclusão de elementos ou partes na natureza. Tudo é PERTENCIMENTO. Todas as
formas de vida têm sua devida função ecológica, paradigma este que alguns
sistemas teológicos também incorporam.
PARADIGMAS FILOSÓFICOS BASILARES
DA ECOLOGIA POLÍTICA
1 – UM NOVO POSICIONAMENTO DO
HOMEM NO MUNDO
- O
PENSAMENTO ECOLÓGICO DESLOCA O ANTROPOCENTRISMO EM DIREÇÃO AO BIOCENTRISMO
- O
VALOR MAIOR É A VIDA – GERA UMA “ÉTICA ECOLÓGICA” – A VIDA SEMPRE EM PRIMEIRO
LUGAR
- COMPROMISSO
COM O DEVIR – UM OLHAR VOLTADO PARA O FUTURO QUE QUESTIONARÁ A “TESE DA
INEVITABILIDADE DA DOMINAÇÃO HUMANA SOBRE O UNIVERSO”, MOT IDEOLÓGICO PROPULSOR
DO CAPITALISMO GLOBALIZADO. AO MESMO TEMPO TRARÁ À TONA O “CONFLITO GERACIONAL”
AO ATRIBUIR RESPONSABILIDADES ADVINDAS DAS AÇÕES DAS GERAÇÕES PREGRESSAS, ASSIM
COMO DA ATUAL SOBRE OS DESTINOS DA HUMANIDADE E DA VIDA NO PLANETA.
2 - NOVA ABORDAGEM
CIENTÍFICA E FILOSÓFICA
- OPERA
A TRANSVERSALIDADE NA FORMA DE ABORDAR OS TEMAS - “SMALL IS BEAUTIFULL” E
GOVERNANÇA DESCENTRALIZADA
- O
PENSAMENTO ECOLÓGICO ALIMENTA A COMPLEXIDADE NO PENSAR E COLOCA EM CHEQUE O
MODELO EDUCACIONAL VIGENTE
3 - UMA NOVA VISÃO NO
DESENVOLVIMENTO MATERIAL E SOCIAL
- A
ECOLOGIA POLÍTICA COLOCA EM CHEQUE AS VISÕES ECONÔMICAS HEGEMÔNICAS: A ECONOMIA
(EM SUA DIMENSÃO REAL) É VISTA COMO APENAS UM CAPÍTULO DA ECOLOGIA, O QUE GERA
UMA NOVA ABORDAGEM ECONÔMICA.
- A
GESTÃO DO ESTADO É COLOCADA EM CHEQUE, POIS PROPÔE UMA RADICAL DESCENTRALIZAÇÃO
NA AÇÃO POLÍTICA, COM ÊNFASE NA AUTONOMIA LOCAL E PARTICIPAÇÃO DIRETA NAS
DECISÕES.
- A
NOÇÃO DA “PEGADA ECOLÓGICA” – COMPARAÇÃO DE CONSUMO ENERGÉTICO E DE BENS MATERIAIS
(1 NORTE-AMERICANO = 10 BRASILEIROS, POR EXEMPLO), QUE PROVOCA O SURGIMENTO DE CONCEITOS E ESTUDOS INCORPORANDO OS CUSTOS
AMBIENTAIS NO VALOR DOS PRODUTOS, AINDA QUE NÃO “ECOLÓGICOS” EM SUA GRANDE
MAIORIA, PORÉM VÁLIDOS NO CONTEXTO ATUAL.
Uma
das conseqüências do sistema filosófico ecológico, ao operar um novo olhar
sobre o modo de desenvolvimento material e social humano, provoca um forte
questionamento sobre o ARMAMENTISMO, as GUERRAS de todos os tipos, assim como
as DISPUTAS BÉLICAS POR RECURSOS NATURAIS E PODER DE INFLUÊNCIA POLÍTICA de uns
povos sobre outros.
Não
por acaso, o movimento ecológico se liga politicamente ao movimento pacifista
mundial e caminha par e passo com todas as forças que lutam pela PAZ, direitos
humanos e todas as formas de solidariedade.
Grosso modo, poderíamos
fazer a seguinte comparação entre os dois pólos ideológicos que representam
modos de desenvolvimento que propõe rumos diametralmente opostos – um
claramente capitalista, e outro claramente anti-capitalista, expressas nas
conhecidas fórmulas de:
“DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL”
FUKUIAMA (O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM)
X
DESENVOLVIMENTO “ECOLOGICAMENTE” ORIENTADO
– SINDAMA SHIVA, ROBERT KURTZ, NOAM CHOMSKY
FUKUIAMA (O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM)
X
DESENVOLVIMENTO “ECOLOGICAMENTE” ORIENTADO
– SINDAMA SHIVA, ROBERT KURTZ, NOAM CHOMSKY
A
discussão em torno da produção de energia é bem ilustrativa para estabelecer a
comparação entre os dois modelos de desenvolvimento acima enunciados. E, nesse
contexto, o Brasil desponta com um papel fundamental, pois possuidor de imenso potencial
hidráulico, terras para produção de biocombustíveis de toda ordem, insolação em
proporções tropicais e ventos virtualmente inesgotáveis, que coloca nosso país
entre os detentores dos maiores índices mundiais de energias renováveis.
Paradoxalmente,
mas não de todo incompreensível, é o discurso recorrente que dioturnamente prega
a produção de cada vez mais energia, seja de fonte hidrelétrica, de biomassa,
de gás, ou nuclear, esta última novamente retornando à agenda governamental.
A
notícia abaixo desmente o argumento do maior custo das chamadas “energias
alternativas”:
Energia eólica já é uma das mais
competitivas do Brasil
Com
preço médio de R$ 130,86 o MWh, fonte de energia bate até mesmo as térmicas
movidas a gás natural
Renée
Pereira - O Estado de S.Paulo – 30.08.10
A
forte disputa verificada nos leilões promovidos pelo governo federal esta
semana pôs a energia eólica na lista das mais competitivas do Brasil, abaixo
até do custo das térmicas movidas a gás natural, de cerca de R$ 140 o
megawatt/hora (MWh). Na média, o preço da energia produzida com o vento foi
negociada por R$ 130,86. No leilão do ano passado, cada MWh custou em média
R$ 148,39.
"O
resultado realmente surpreendeu a todos", afirmou o presidente da
Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo de Maya Simões.
Ele acredita que há vários fatores para explicar a forte disputa verificada no
leilão, que contratou 2.892 MW de capacidade, sendo 70% desse montante de
energia eólica.
NOSSO PAPEL PESSOAL E
COLETIVO DIANTE DESSE CENÁRIO
No
âmbito pessoal é possível efetivar um sem número de ações, todas, porém,
dependentes de uma decisão que tem como foco a diminuição de consumo energético
e de bens materiais. Em suma, o abandono do “consumismo”, mecanismo ideológico/político
que retroalimenta nosso sistema de produção predador. Nos dias atuais, não há
como fugir dessa ATITUDE inadiável.
No
âmbito coletivo, o movimento ecológico oferece muitas oportunidades de ação,
mediante engajamento nas inúmeras entidades que hoje existem em todos os cantos
do planeta – pequenas, médias e grandes, seja orientadas para focos
específicos, seja orientadas para questões mais genéricas. Entidades
“guarda-chuva”, como as federações, confederações e uniões também existem para
agrupar as diferentes organizações, seja do ponto de vista territorial, seja do
ponto de vista programático ou de seus objetivos.
A
Igreja Católica tem no Brasil, um dos seus mais importantes pilares e, conseqüentemente,
um papel fundamental para promover, por via da sua imensa capilaridade social, uma
orientação mais clara a seus fiéis quanto aos problemas ecológicos que o país
vive e que se aprofundam dia a dia.
A Campanha da Fraternidade
de 2011, tendo como foco o “meio ambiente”, é mais que oportuna e bem vinda.
Ela ajuda o movimento ecológico em sua árdua tarefa de colocar a questão
ecológica como URGENTE na agenda política nacional e internacional.
*Gert
Schinke - Historiador e ecologista; Presidente-executivo do Instituto Para o
Desenvolvimento de Mentalidade Marítima – INMMAR; Coordenador do MOSAL –
Movimento Saneamento Alternativo; Coordenador de Formação do Centro de Direitos
Humanos da Grande Florianópolis – CDHGF; membro titular do Núcleo Gestor
Municipal do Plano Diretor Participativo de Florianópolis.
Endereço:
Rua Felipe Schmidt, 390, Sala 508, Centro, Florianópolis, SC
Contatos:
(48) 8424-3060, (48) 3324.0581 à tarde
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